Em um mundo cada vez mais conectado, empresas de grande porte buscam formas de atrair investidores em diversos mercados. No Brasil, os BDRs Patrocinados se tornaram a ponte ideal para esse intercâmbio financeiro.
Mais do que um mecanismo de investimento, esses instrumentos revelam a complexidade e o potencial do mercado brasileiro para companhias globais que desejam expandir seu alcance.
No Brasil, as chamadas “ações patrocinadas” são conhecidas como BDRs Patrocinados (Brazilian Depositary Receipts). São certificados lastreados em ações estrangeiras, emitidos por instituições depositárias autorizadas pela CVM.
Esses títulos permitem que investidores locais adquiram participações em empresas internacionais sem a necessidade de montar estrutura completa no exterior, contando com os mesmos padrões de divulgação e governança exigidos para companhias listadas na B3.
O setor de ativações, que inclui live marketing e eventos de marca, apresentou faturamento de R$ 110 bilhões em 2024, com projeção superior a R$ 100 bilhões para 2025. Esse crescimento reflete a relevância de experiências de marca para empresas estrangeiras interessadas no público brasileiro.
Além disso, o turismo foi responsável por R$ 207 bilhões em receita em 2024, um acréscimo de 4,3% em relação a 2023. Esse cenário favorece a transparência e governança exigidas para empresas que buscam se destacar nessa rota de investimentos.
Para ingressar no mercado de BDRs Patrocinados, as companhias devem seguir rigorosos passos regulatórios, garantindo segurança jurídica e alinhamento com as normas locais. Isso envolve registro do programa junto à CVM e designação de representantes legais no Brasil, entre outras etapas.
Além disso, é fundamental estabelecer contratos claros entre depositária, custodiante e patrocinador, assegurando o cumprimento de todas as obrigações perante investidores e autoridades locais.
Os BDRs Patrocinados de Nível II e III exigem registro na CVM nas categorias A ou B, conforme o escopo da oferta. Enquanto o Nível II permite negociação por investidores qualificados e não qualificados, o Nível III requer oferta simultânea de valores mobiliários no Brasil e no exterior.
É imprescindível manter os programas de BDRs atualizados e cumprir os procedimentos de cancelamento em caso de encerramento, garantindo transparência ao mercado.
Entre as companhias estrangeiras mais negociadas na B3, destacam-se grupos dos setores de educação, consumo e turismo. O Carrefour Brasil, por exemplo, apresentou retorno de 36,6% até março de 2025, impulsionado por estratégias de conversão de ações e propostas de fechamento de capital.
Outras empresas de renome internacional também aproveitaram o formato de BDRs para estreitar laços com investidores locais, aproveitando o apetite crescente por ativos globais.
Nos últimos anos, o volume de BDRs listados na B3 cresceu de forma consistente, refletindo a busca por diversificação de carteiras e acesso a ativos de grandes empresas internacionais. Essa dinâmica cria um ambiente favorável para novas ofertas patrocinadas e amplia o leque de opções para investidores brasileiros.
Ao mesmo tempo, setores como tecnologia, energia renovável e saúde começam a ganhar espaço, sinalizando mudanças significativas nas preferências de investimento.
Apesar dos entraves, a possibilidade de acessar um vasto universo de investidores brasileiros, sem necessidade de subsidiária local, representa uma vantagem competitiva importante para empresas estrangeiras.
Em um cenário global em transformação, os BDRs Patrocinados demonstram ser um instrumento poderoso para ampliar a presença internacional, captar recursos e fortalecer marcas no mercado brasileiro.
Empresas e investidores que compreendem esses mecanismos têm a oportunidade de construir parcerias duradouras e gerar valor mútuo, impulsionando o crescimento econômico e o desenvolvimento do mercado de capitais.
Em última análise, ao navegar pelas nuances regulatórias e abraçar as oportunidades que o Brasil oferece, as empresas estrangeiras encontram um terreno fértil para prosperar e inovar.
Referências